Love In Translation

Love in Translation: a linguagem universal do amor

Após oito episódios envolventes, a série Love in Translation se despediu dos fãs deixando uma mensagem tocante, destacando que o amor transcende qualquer barreira linguística. E é isso que vamos destrinchar juntos neste artigo.

Sob a direção de Li Samajarn e Worawut Thanamatchaicharoen, que coescreveram o roteiro com a colaboração de Ink Parreen Abniam, a série apresentou-se com grandes nomes da indústria Boys Love, tendo em vista a bagagem de sucesso carregada por cada um dos envolvidos no projeto. Como exemplo, temos o diretor Samajarn, que esteve por trás de produções como My Engineer 2 e Love Mechanics. Com mãos tão competentes por trás da obra, a expectativa por um bom resultado foi alta.

Traduzindo o sucesso de Love In Translation

Antes de mergulharmos no coração deste sucesso que capturou o coração dos espectadores, é crucial entender a essência de sua narrativa.

Love in Translation
Imagem: GMM One


Começando pelo casal principal: Yang (interpretado pelo cantor e idol do grupo LAZ1 Daou Pittaya) é um empresário chinês que busca uma parceria tailandesa para expandir os seus negócios. E é neste cenário que ele cruza o caminho com Phumjai (interpretado por “Offroad” Kantapon Jindataweephol, também integrante do grupo LAZ1) A relação, no entanto, tem um obstáculo: Phumjai está apaixonado por Tammy (interpretada por Charattha), uma influencer chinesa. Enquanto um quer sucesso nos negócios, o outro sonha em conquistar o coração de uma innfluencer. Dois indivíduos com metas distintas, mas que, no fundo, buscam o mesmo idioma universal: o amor.

O casal secundário é interpretado por Anupart Luangsodsai, ator que já participou na série Love Sick e Waterboyy e Ohm Chetnipat, de With Love The Series. No elenco, também temos nomes como Imraporn Charattha (Tammy), Sam Samuel (Antoine), Mackay Pongnarin Maikami (Bowgie) e Faye Preava Bunnag (Cheer)

Amor em todo o lugar

Love in Translation mostra que o amor vai além do romântico – que a grande maioria busca em suas vidas – mas também exalta a importância e a beleza do amor fraternal, como observado entre o Phumjai (Offroad) e o Phojai (Anupart). Os irmãos, inicialmente em conflito, gradualmente descobrem e reinterpretam a linguagem única de seu amor. A jornada deles é traduzida para as telas de uma forma muito bela e compreensível.

Love In Translation
Imagem: Reprodução / Youtube

O amor entre amigos também é um pilar na narrativa. Isso fica claro quando Phumjai e Yang Feng intervêm para ajudar Bowgie com suas dificuldades financeiras, tentando salvar a saúde de seu pai e preservar sua loja. Esse gesto é uma demonstração de como os laços de amizade são fortes e podem superar qualquer tipo de obstáculo.

A série também explora a pluralidade do amor e da atração. Phumjai, inicialmente apaixonado por Tammy, passa por uma epifania emocional quando explora seus sentimentos a fundo. No final, seu coração sempre pertenceu ao empresário Yang Feng. Reconhecer isso, embora seja doloroso, é libertador e mostra que às vezes, a linha entre admiração e amor é muito fina. E os nós nessa linha podem atrasar o encontro do amor verdadeiro.

A conexão entre Yang Feng e Phumjai floresce inesperadamente. Yang Feng, auxiliando Phumjai na comunicação com Tammy em chinês, percebe o brilho nos olhos de Phumjai a cada pequena conquista. A cada tradução, o amor se manifesta ainda mais. E a série não poupa esforços em mostrar como as emoções humanas são cheias de surpresas.

Entre a paixão e o preconceito

Love in Translation não só narra um belo romance entre o casal principal, mas também lança luz sobre a dura realidade muitos relacionamentos LGBTQIA+. O casal secundário, Tag (interpretado por Chetnipat) e Phojai (interpretado por Anupart) personifica essa luta íntima entre o amor e a autoaceitação. O desconforto de Tag perante a maneira como é tratado por Phojai é visto em várias cenas. Phojai tem receio em expor o relacionamento deles e o seu comportamento, muitas vezes, distante são encapsulados no simbolismo do cordão de casal, que ele hesita em usar.

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Imagem: Reprodução / Youtube

O paralelo entre os casais é profundo: um romance surgindo das dúvidas e intrigas, enquanto o outro é moldado pelo medo, vergonha e incerteza. Ambos, porém, questionam a natureza do amor e o que oferecemos ao ser amado. E é aí que percebemos como Love in Translation convida o espectador a refletir sobre suas próprias experiências e sentimentos. Em meio a diversidade de emoções traduzidas de formas diferentes, será que conseguimos nos reconhecer?

O amor, embora possa ser expresso de formas diferentes ao redor do mundo, possui uma essência universal. Ele se manifesta através do respeito, da cumplicidade, da segurança, do afeto e da sinceridade, independente da língua ou cultura de quem ama e é amado.

A ascensão e a queda

Cada série segue um padrão narrativo: um começo, um desenrolar e uma conclusão. A responsabilidade de esculpir essa trajetória de forma cativante recai sobre o diretor, o roteirista e toda a equipe de produção. Love in Translation não foge à essa regra e, ao longo de sua trama, nos apresenta altos e baixos.

Love In Translation
Imagem: Reprodução / Youtube

No decorrer da trama, temos uma adição que parece cair de paraquedas no roteiro: o sequestro de Yang Feng. O que poderia ser um clímax dramático para muitos, para outros surgiu como um desvio confuso, quase como uma adição deslocada ao roteiro. Este arco, que tomou conta de episódios significativos acabou esfriando a série, gerando um sentimento de “será que vale a pena continuar?”

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Imagem: Reprodução / Youtube

Porém, ao longo dos seus 8 episódios, Love in Translation teve um saldo geral positivo. A despeito de suas quedas, a série se reergueu de forma majestosa, com sua produção encantadora e uma cinematografia de encher os olhos. E, com dois ícones do T-pop à frente do elenco, a timidez foi deixada de lado, entregando aos fãs momentos de química e cenas íntimas intensas.

Mesmo com alguns tropeços, a série mantém o espectador preso, fazendo-o ansiar pelo próximo episódio. Em suma, Love in Translation conseguiu traduzir as várias nuances do amor de uma forma compreensível e é um ótimo BL para maratonar em um final de semana, acompanhado de uma deliciosa pipoca.

George de Sousa

Jornalista em formação apaixonado por filmes, séries e doramas. Vejo na escrita uma forma de atravessar e transformar pessoas, da melhor forma possível. Produções asiáticas me fascinam pelo show de produção e atuação.