Abordar narrativas que se passam no colegial é uma das fórmulas mais batidas do BL tailandês. Claro que, no contexto geral, essa espécie de âncora cujo roteiro é sustentado sempre esteve muito presente na cultura BL em todos os seus formatos.
São inúmeros os manhwas, mangás e até mesmo as novels que trabalham seus romances a partir desse elemento. O motivo principal dessa adesão quase unânime se deve ao fato do colegial ser o cenário perfeito para histórias que carregam um tom acessível e, de certa forma, universal.
Os exemplos são vários, só na GMMTV há muitos deles, apesar de que clássicos como Dark Blue Kiss, 2Gether e, o mais recente, Bad Buddy tenham sido um dos poucos a ter acertado em cheio na proposta deste quase subgênero.
Todavia, embora pareça muito simples, e convenhamos que seja, o colegial hoje em dia carece de um cuidado infinitamente maior para não pregar armadilhas e tornar-se um erro. É a partir daí que My School President consegue obter tanto sucesso e exatidão ao explorar o colegial de uma forma nunca vista antes.
Conjunto de fatores assertivos
A chave mestra deste grandioso acerto é composta por uma dúzia de fatores, sendo os principais: o roteiro, a produção, a entrega dos atores e, não menos importante, a música. O texto, recheado de clichês, descomplicado e bastante simples, parte de um quase enemies to lovers abastado de questões extras que se mostram nas entrelinhas do romance principal.
Gun (Fourth) é o líder de um clube de música que luta pela sua sobrevivência na escola, enquanto Tinn (Gemini), filho da diretora e também o presidente do corpo estudantil, faz de tudo para, inicialmente, prejudicá-lo. O atrito inicial entre ambos, gera faíscas que, obviamente, culminaram no romance iminente entre eles.
Gun e Tinn são os grandes responsáveis por segurar as pontas do drama além do necessário — eles não são apenas os protagonistas, são a essência da obra. A produção, que reproduz vários erros técnicos, mas que sabe utilizá-los a seu favor, não teria funcionado se não fosse pelo recheio dado através da química refrescante sustentada por eles.
A característica mais evidente desse ótimo relacionamento, é o fato do casal não se apoiar em uma relação tóxica para compor o ciúmes, a necessidade de manter segredo sobre o amor ou mesmo os momentos mais difíceis enfrentados pelos dois. Tinn e Gun também dispensam as posições predefinidas nos BLs, seguindo a proposta de Bad Buddy de ser um casal sem corresponder aos protótipos de seme e uke.
É praticamente impossível não se ver entretido com tamanha fofura e simpatia em momentos genuinamente engraçados e divertidos, Tinn e Gun são ótimos juntos sem esforços. O carisma, que também se manifesta nos atores secundários de My School President, ora o par formado por Win (Winny) e Sound (Satang); ora a banda Chinzhilla e sua meta de vencer o concurso chamado Hot Wave, torna tudo ainda mais contagiante. A progressão dos episódios, às vezes afetada pela edição, funcionou como deveria para criar um gancho entre eles — quem não ficou ansioso esperando os episódios serem lançados não aproveitou a série como deveria.
Um BL musical com músicas verdadeiramente boas
Não bastassem esses pontos, My School President consegue ser um BL musical com músicas surpreendentemente boas. Aqui, a trilha sonora desempenha um papel fundamental na construção de refrões divertidos, melodias aveludadas e vocais que trazem à tona novos talentos indiscutíveis da GMMTV. Nota-se que houve um cuidado maior, e necessário, na implementação das várias OSTs em momentos que fazem jus ao seu uso.
A série erra, porém, ao criar tensões excessivas e que são, a todo instante, descartadas. Veja, por exemplo, a cena que liga o penúltimo ao último episódio, onde a mãe de Tinn chama a atenção dele para uma conversa, descrita com importância para nós, mas que não ocorre, muito menos surte o efeito esperado devido ao corte prolongado da edição.
Embora escorregue e não chame muito a atenção para quem vê de fora, My School President é uma tremenda surpresa. O BL soube verdadeiramente usar a fórmula do colegial para sustentar sua ode aos clássicos tailandeses, fez melhor, e traçou um parâmetro que, a partir de hoje, só poderá ser superado por uma obra igualmente encantadora.
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avisa que o “love love i need somebody to love” não sai da minha cabeça blh gruda igual chiclete
falou tudo!
O penúltimo parágrafo poderia ser totalmente apagado… Entendo que seja uma opinião própria do autor do texto mas não é evidente qualquer excesso de tensão na série… Pelo contrário, são peças super bem montadas e que entregam uma expectativa saborosa na medida