Quando falamos em Not Me, nenhum outro fato pode ser tão encorajador e devidamente importante quanto a direção de Anucha Boonyawatana. Com diversas obras importantes em seu currículo, a diretora, em um esforço criativo surpreendente, entrega um dos melhores projetos visuais de 2022.
Aspectos técnicos cativantes
Apesar de uma história centralizada num roteiro que se estende além do necessário, Not Me, ao longo de toda sua exibição, consegue manter, em ótimo nível, alguns aspectos técnicos extremamente cativantes. A fotografia, bem como os cenários, com locações exuberantes e que climatizam impecavelmente os estilos buscados pela trama, são parte essencial no desenvolvimento da obra.
Interpretando de maneira excepcional o papel dos gêmeos Black e White, Gun Atthaphan mostra-se a escolha perfeita para fazer esses personagens. Em contrapartida, Off Jumpol, na pele de Sean, por sua vez, carece se apoiar mais em seu parceiro de tela para poder se destacar, e isso, felizmente, acaba dando certo.
A química entre eles é surreal, assim como também notamos no casal secundário, formado por Yok (First Kanaphan) e Dan (Fluke Gawin), que juntos, formam um par admirável. Certamente, farão muita falta.
Em relação ao roteiro, Not Me se perde em alguns instantes, mas, apesar disso, a narrativa possui ganchos o suficiente para prender a atenção de quem assiste. Desse modo, o tom político e as diversas mensagens de protesto que são estampadas nos quadros do BL, passam a somar positivamente na construção de um diferencial bastante reluzente, principalmente, se tratando de uma obra tailandesa.
Conclusão
Desafiador e único, o BL só consegue atingir o seu ápice produtivo devido ao excelente trabalho da direção. Cada centavo investido aqui, de uma forma ou outra, parece ser recompensado. Not Me, em sua máxima essência, é aquilo que podemos esperar de uma obra antológica, cheia de histórias e com um instinto de mudanças necessário.