Hoje, nossos redatores fãs de cinema queer asiático se reuniram para eleger os 15 melhores filmes do gênero. Com uma curadoria pautada na representatividade e com o objetivo de indicar essas obras aos nossos seguidores, eles focaram em algumas descrições específicas de cada peça presente nesta lista.
A eleição se deu por uma somatória de posições, ou seja, cada um enviou o seu top 15 e os filmes asiáticos nele incluídos foram somados de acordo com a posição que lhe foi concedido. Dito isso, confira o resultado:
15. Cherry Magic! THE MOVIE (2022) – Japão
Cherry Magic! THE MOVIE é um exemplo a ser seguido quando se trata de uma boa adaptação e sequência do material original. Além disso, diante do cenário político de discussões sobre o casamento igualitário no Japão, a obra mostra seus protagonistas diante obstáculos da realidade de muitos casais LGBTQ no país, que apesar de não muito aprofundados, reforçam a importância da luta por direitos e aceitação na sociedade japonesa. – Beatriz Ferreira
14. Beautiful Boxer (2003) – Tailândia
Um verdadeiro divisor de águas na história do cinema LGBTQ+ em toda Ásia, Beautiful Boxer, apesar das limitações técnicas por ser uma produção marcada pela ação do tempo, segue sendo uma obra fundamental para entender como a Tailândia se tornou uma referência mundial sobre a especialidade em cirurgias de redesignação sexual. – Matheus José
13. Twilight’s Kiss (2019) – China
Infelizmente ainda são raros os filmes que narram histórias LGBTs para além da idade adulta e adolescência. Sendo a questão da velhice LGBTQ de extrema relevância, Twilight’s Kiss, filme dirigido por Ray Yeung, discorre sobre o encontro da paixão já na meia idade e a questão da solidão e exclusão social que permeia entre idosos e LGBTQs. – Beatriz Ferreira
12. Mary Is Happy, Mary Is Happy (2013) – Tailândia
Mary Is Happy, Mary Is Happy é um filme extremamente singular. Baseado em 410 tweets reais e aleatórios de uma adolescente de 17 anos, o autêntico diretor Nawapol Thamrongrattanarit, constrói a história de duas meninas que decidem produzir o anuário escolar do seu último ano do ensino médio. Dentro desse contexto, a obra tem como foco principal os dramas e questionamentos de uma jovem que vive um momento de transição ao despedir-se da adolescência, cada vez mais próxima do futuro incerto da vida adulta, mas sem antes sobreviver ao ambiente opressor escolar formando relacionamentos e memórias sinceras. – Beatriz Ferreira
11. Hush! (2008) – Japão
Um clássico do cinema LGBTQ japonês do início dos anos 2000, Hush!, de Ryosuke Hashiguchi, reflete como o choque cultural entre gerações é inevitável e, ao mesmo tempo, fundamental. Se tornou um clássico, ao apresentar de forma descontraída e realista, questionamentos e discussões até hoje relevantes, como, a construção dos papéis de gênero na sociedade e a diversidade dos modelos de estruturas familiares. – Beatriz Ferreira
10. Your Name Engraved Herein (2020) – China, Taiwan
Espelhando muito dos clássicos chineses durante e após os anos 90, Your Name Engraved Herein traz algumas cenas que tocam a alma e deixam marcas profundas em nosso subconsciente. O contexto político e histórico utilizado como base para a evolução dos personagens é o ponto mais interessante a ser observado nesta obra. – Matheus José
9. Tropical Malady (2004) – Tailândia
Clássico revestido com algumas das características mais interessantes do cinema de vanguarda, Tropical Malady injeta uma espessa camada de linguagens ao explorar um romance nada típico na sociedade tailandesa e que fica ainda mais atípico conforme o longa avança para seus momentos alucinantes e de pura apreensão. Dividido em duas partes, o magnum opus de Apichatpong, um dos diretores mais importantes de todos os tempos, é uma obra obrigatória para quem se interessa por filmes de temática queer fora do convencional. – Matheus José
8. His (2020) – Japão
A complexidade de uma relação desenvolvida para além de um drama entre casais, His surge com uma história densa, emocionante e instigante que atravessa a realidade e toca em questões sociais importantíssimas, principalmente sobre os direitos LGBTQ, como a adoção — algo ainda muito importante, mas raro em vários países ao redor do mundo. – Matheus José
7. A Bride for Rip Van Winkle (2016) – Japão
Em A Bride for Rip Van Winkle, o diretor Shunji Iwai traz questões como o impacto das tecnologias nas relações humanas ao mesmo tempo que insere sua protagonista em uma verdadeira jornada de autodescobrimento, que redescobre o romance em sua mais pura forma. A obra é crua, intimista e sutil ao refletir sobre o isolamento e a superficialidade das relações que nos cercam diante um mundo pautado pelas aparências e normas sociais. – Beatriz Ferreira
6. Goodbye Mother (2019) – Vietnã
Um dos melhores filmes BL de todos os tempos, Goodbye Mother é uma peça essencial e de notória importância sobre alguns temas bastante presentes no cinema LGBTQ, principalmente por mesclar o amor entre dois rapazes e a implicação familiar que se tem à partir disso. Uma reflexão que atinge em cheio a realidade de todos países asiáticos. – Matheus José
5. Like Grains of Sand (1995) – Japão
Escrito e dirigido por Ryosuke Hashiguchi, Like Grains of Sand é uma declaração à juventude e aos seus mais ociosos desejos. No longa, acompanhamos o desenrolar de um triângulo amoroso que opera diante das características mais indissociáveis do coming-of-age japonês. É uma obra que se debruça nas confusões da adolescência e no instinto de descobrimento — um pilar do BL live action. – Matheus José
4. The Handmaiden (2016) – Coréia do Sul
The Handmaiden, do aclamado cineasta coreano Park Chan-Wook, é uma experiência como nenhuma outra. Diante um contexto histórico envolto de conflitos políticos e de classe, o enredo desenvolve o relacionamento de duas mulheres de realidades completamente opostas mas que se vêem ao longo da trama em busca de um mesmo objetivo. O thriller é instigante e surpreende o espectador durante toda sua duração, com excelente qualidade em todos os quesitos, desde fotografia até figurinos. – Beatriz Ferreira
3. Dou kyo sei – Classmates (2016) – Japão
Com um estilo artístico minimalista porém extremamente expressivo, a animação japonesa, Dou kyo sei – Classmates, é adaptação do mangá homônimo. Sua singularidade, ao retratar o florescer da primeira paixão na juventude — temática clichê já conhecida e muito explorada no universo BL —, está intimamente ligada com toda atmosfera leve, fluida e refrescante construída, principalmente, por seus visuais e enredo. É uma simplicidade que conquista. – Beatriz Ferreira
2. Farewell My Concubine (1993) – China
Farewell My Concubine, dirigido por Chen Kaige, segue a vida de dois meninos órfãos em uma jornada de mudança social na China ao longo do século XX. Este é o caso perfeito de como o contexto histórico é capaz de influenciar os mais diversos segmentos da sociedade — individuais ou não. Aqui, neste caso, temos a arte como pano de fundo para um romance cheio de complicações e que sofreu inúmeras ações externas para resistir ao longo do tempo. Difícil de digerir e com uma história que traduz dramas épicos, o longa é uma das obras mais audaciosas e importantes de todos os tempos. Tamanho impacto lhe rendeu inúmeros prêmios de arte ao redor do mundo e o fez permanecer até hoje nas salas de cinema de vários países asiáticos. — Matheus José
1. Happy Together (1997) – China
Uma das características mais importantes, e que faz de Happy Together um filme de influência atemporal, é a capacidade de humanizar seus personagens. No contexto do cinema LGBTQ, essa simples atribuição demonstra um avanço para representação de personagens queers em qualquer tipo de mídia, em que comumente são atribuídos a papéis rasos e caricatos. Por essa e outras, que o romance disfuncional de Wong Kar-wai é até os dias de hoje uma das obras mais reconhecidas do cinema LGBTQ. – Beatriz Ferreira
Um dos principais pilares do cinema queer, Happy Together é uma obra enigmática cuja influência transborda todos os sentidos artísticos e técnicos que grande parte das produções de temática LGBTQ — não somente na Ásia — usam de base até os dias de hoje, sobretudo, se tratando de dramas em que sua grande maioria refere-se ao que Wong Kar-wai foi capaz de desenvolver em um de seus melhores e mais importantes filmes. – Matheus José
