A Shoulder To Cry On

A Shoulder To Cry On surpreendeu com boas atuações e um enemies to lovers cheio de sensibilidade

O primeiro ponto a ser destacado sobre A Shoulder To Cry On está relacionado à sua progressão de ritmo. Se no início o BL surgiu pronto para entregar uma narrativa extremamente cativante, no final, por outro lado, vemos o contrário. Essa diferença, infelizmente, revela um caminho de direção pouco atraente.

Após os acontecimentos mais marcantes da série, o casal principal formado por Lee Da Yeol (Kim Jae Han) e Jo Tae Hyun (Shin Ye Chan), integrantes do grupo de k-pop OMEGA X, viram-se diante apenas de uma confusão superficial produzida na intenção de segurar a audiência nos dois últimos episódios.

Essa tentativa de roteiro, apesar de soar inteligente, foi pensada somente para entregar o que os espectadores mais esperavam: a troca de afeto entre os protagonistas que viveram juntos uma jornada cheia de complicações.

Quando falo desses percalços, porém, não me limito à questão de Jo Tae Hyun e seu passado traumático, mas também ao dilema de Lee Da Yeol com suas possibilidades atléticas — o que por si só já chama muita atenção. O tiro com arco, que é uma modalidade olímpica muito disputada, trouxe um ar de frescor à A Shoulder To Cry On. Não é todo dia que vemos algo assim, ainda mais em um BL.

A Shoulder To Cry On
Imagem: Reprodução/Picturesque/GagaOOLala

A tendência de boas atuações no BL coreano

Aliado a este fator, temos também o maior destaque entre todos, neste caso, a excelente atuação do elenco. É possível perceber que, nos mais recentes BLs coreanos, a atuação de vários atores é algo que desperta em nós um maior senso de observação. Apesar do roteiro e demais aspectos técnicos escorregarem muito, a entrega dos envolvidos tem se mostrado cada vez mais importante na congruência de um drama.

A Shoulder To Cry On, nesse sentido, corresponde exatamente ao que se espera de um drama colegial, com um adendo, portanto, na excelente representação dos personagens na tela. São detalhes como esse que carregam todo o drama e toda emoção dos episódios mais delicados. Como todo enemies to lovers, os clichês ditam muitas regras aqui, mas o texto consegue contorná-los muito bem. A inimizade entre ambos, se resume em uma tensão prazerosa de assistir.

Veja, por exemplo, os vários diálogos que percorrem a série. Dotadas de maturidade, as raízes da abordagem coming-of-age demonstram a ideia central do BL diante de sua maior conquista: a exposição de um fragmento narrativo marcado por duas histórias diferentes, mas dependentes uma da outra. O salto temporal no final prova esse ponto.

Imagem: Reprodução/Picturesque/GagaOOLala

Mas e o beijo?

Lee Da Yeol e Jo Tae Hyun, afinal, se conhecem e vivem, após toda a jornada de amadurecimento, um provável amor. No final das contas, mesmo que seja fácil demais, esse era o objetivo da série desde o início. E não podemos dizer que deu errado. O carinho e o olhar de afeto entre os personagens, nas últimas cenas de A Shoulder To Cry On, valem mais que um longo e denso beijo, não é?

Matheus José

Graduando em Letras. Crítico, colunista e redator nos sites Jornal 140, VIUU, Suco de Mangá. Editor e supervisor de textos. Já passou por publicações da BoysLove Hub e China Word Notes.