No último ano, o horário “Tunku Drama Shower”, resultado da colaboração entre a emissora MBS e KADOKAWA, rendeu várias adaptações bem sucedidas de mangás BLs como Mr. Unlucky Has No Choice but to Kiss! e o mais recente Ameiro Paradox. Jack O’Frost, porém, é o primeiro roteiro originalmente criado para televisão e é com ele que o selo lança sua obra mais completa e interessante desde o começo do projeto, com visuais encantadores, ótimas atuações e história envolvente.
Atmosfera e visuais cativantes
Desde o anúncio, com o lançamento das primeiras imagens e trailer, Jack O’Frost já possuía visuais de chamar atenção e coberto de dicas para o tom mais emocional da série. É então com um filtro similar aqueles de câmeras analógicas antigas, presente tanto nos episódios quanto nas fotos de bastidores, que a fotografia traz a sensação de aconchego junto à melancolia que se entrelaçam perfeitamente com a narrativa que será construída.
Os figurinos e a ambientação também são elementos bem trabalhados e que harmonizam com o resto dos visuais e cores. Dessa forma, a produção cria cenários intimistas que fazem o aspecto geral da série ser bem agradável.
Roteiro composto por contrastes
Em relação ao enredo, Jack O’Frost mais uma vez não se deixa falhar, cheio de emoções e angústia, a história tem como base o clássico clichê da perda de memória, em que um dos personagens, no caso Fumiya (Suzuki Kosuke), tenta recomeçar seu relacionamento com Ritsu (Honda Kyoya) que após sofrer um acidente tem apenas as lembranças com seu então namorado apagadas.
Mas é no uso dos flashbacks que o BL se destaca. As lembranças que Fumiya têm do começo do namoro com Ritsu, são talvez as cenas mais felizes a compor toda a série, visto que buscam capturar o doce começo de um relacionamento.
Em comparação com o presente, a experiência é quase sempre oposta. Dessa vez, Fumiya acaba por novamente esconder seus sentimentos, talvez pelo sentimento de culpa que sente pelo acidente de Ritsu, e comete os mesmos erros que levaram ao fim de seu namoro. O contraste do passado e presente é feito com mestria pela direção e muitas vezes desperta certo desconforto no espectador que deseja sempre que aquelas cenas sejam no presente.
Apesar do último episódio carregar uma conclusão um pouco apressada, Jack O’ Frost é um BL japonês que mostra as complexidades de um relacionamento já estabelecido de forma cativante para o público. Ainda mais quando tudo parece conspirar para um final triste, o drama tem o melhor final que se podia esperar de um romance cheio de obstáculos.