Where Your Eyes Linger

Precursor do BL coreano, Where Your Eyes Linger é uma obra imortal

Where Your Eyes Linger, entendido como o primeiro BL coreano nos moldes do que temos hoje, é uma obra que não só pautou as características locais, como também foi responsável por estabelecer de ponta a ponta cada detalhe, narrativa e estética de tudo o que continua a ser feito até hoje.

No ano passado, Semantic Error, em movimento inédito, tornou-se um dos raros BLs a romper a bolha, que compreende-se pelo sucesso comercial sem precedentes ou quando uma obra rapidamente rompe com as barreiras de gênero.

Isso nunca havia acontecido na Coreia do Sul, enquanto na Tailândia, por exemplo, é algo que tem se repetido muito nos últimos anos – 2gether, Bad Buddy e KinnPorsche são os três principais exemplos. O impacto de Semantic Error, nesse sentido, foi tão volumoso e denso, que BL chegou a ser comparado com muitos k-dramas de sucesso, bem como superou e concorreu com estes em grandes premiações.

Toda essa disposição como ponta de lança verdadeira só ocorreu, sem exageros, graças a Where Your Eyes Linger.

Where Your Eyes Linger
Imagem: W-STORY/Viki

Enredo

O BL, que conta a história de Han Tae Joo (Han Gi Chan), um jovem herdeiro de uma grande fortuna, tem sua originalidade postada na época em que foi lançado. A narrativa ganha destaque, porém, pela presença de Gang Gook, um guarda-costas interpretado por Jang Eui Soo que aparece na tela como um aluno da mesma idade do filho de seu patrão.

Esta foi a primeira vez que um casal, destinado a amar livremente, foi apresentado em uma websérie sul-coreana de boyslove. E mesmo que tivesse que perpetuar alguns clichês, Where Your Eyes Linger ainda soava inovador.

A química, ora desencontrada, ora compreendida por gestos e cenas de amor intensamente bem produzidas, empurrava o espectador para um romance aquileano que tinha tudo para se tornar um clássico. E assim foi feito. Alguns momentos do BL tornaram-se tão, digamos, imortais que outras produções posteriores passaram a tentar imprimi-los e utilizá-los em suas próprias lacunas narrativas. Isso, no entanto, não se limitou ao contexto coreano.

Where Your Eyes Linger
Imagem: W-STORY/Viki

Uma verdadeira inspiração

A simplicidade, explicada através do modesto orçamento e o início da engrenagem coreana que começava a girar, meio que fez do formato de websérie limitada presente em Where Your Eyes Linger um modelo a ser seguido.

O clichê explorado aqui também se reúne com o de obras posteriores. Veja bem, este BL foi o primeiro da Coreia do Sul, terra do k-pop — uma indústria que deu muito certo — então, a grosso modo, repeti-lo seria um feito seguro de sucesso. Essa delimitação da resposta do problema de muitas produtoras, tailandesas inclusive, torna a evidenciar ainda mais o impacto desta pequena série.

Dirigido pela renomada diretora Hwang DaSeul, que mais tarde criaria outras peças de extrema importância – To My Star e Blueming –, Where Your Eyes Linger teve uma recepção positiva do público que, na época, acompanhou o surgimento de uma indústria que hoje segue em constante expansão.

Há que se dizer, quanto a isso, que embora esteja longe do primor técnico e narrativo, a força de Where Your Eyes Linger é o grande chamariz da sua presença irredutível.

Matheus José

Graduando em Letras. Crítico, colunista e redator nos sites Jornal 140, VIUU, Suco de Mangá. Editor e supervisor de textos. Já passou por publicações da BoysLove Hub e China Word Notes.